Tecnologias – Sensores hiperespectral e LiDAR, a bordo de drones, serão utilizados para monitorar a Amazônia e o Cerrado

Agricultura, Engenharia Civil, Georreferenciamento

De que maneira é possível utilizar sensores de última geração para estudar as florestas, os solos e a biodiversidade brasileira? Neste início de mês, o WWF-Brasil e a Universidade Federal de Goiás (UFG), com o apoio da Universidade da Flórida, dão um importante passo na busca por essa resposta. hiperespectral e LiDAR

Isso porque, entre os dias 10 e 12 do próximo mês (agosto 2017), essas três instituições, em conjunto com outros parceiros, promovem no campus da UFG, no Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig), em Goiânia (GO), o minicurso Sensores Avançados Embarcados em Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs).

Contando com momentos teóricos e práticos, este curso tem como objetivo testar o uso de sensores hiperespectrais e LiDAR na geração de imagens sobre diversos tipos de paisagens na Amazônia e no Cerrado. A ideia é, por meio dessas imagens, gerar informações sobre degradação e recuperação florestal e assim melhorar os trabalhos de conservação da natureza que acontecem nesses dois biomas.

O minicurso terá aproximadamente 25 participantes, entre docentes e estudantes de graduação e pós-graduação da UFG, além de pesquisadores de outras organizações. Os professores serão Eben Broadbent e Angélica Zambrano, da Universidade da Flórida – instituição que já tem trabalhos com sensores de alta tecnologia. Os dois professores virão compartilhar suas experiências, visando uma parceria internacional.

Saídas a campo

Os momentos teóricos serão complementados por duas saídas a campo, que vão justamente buscar informações na natureza para subsidiar as discussões do minicurso. Antes das conversas no campus da UFG, um grupo de cientistas vai ao Acre, para a Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, entre os dias 02 de 07 de julho, ver como a floresta amazônica é retratada por esses sensores.

Já entre os dias 12 e 14 de julho, os participantes vão a uma área a cerca de 200 km da capital Goiânia, fazer o mesmo tipo de experimento, mas desta vez para obtenção de imagens no Cerrado.

Tecnologia hiperespectral e LiDAR

Para fazer a leitura dessas paisagens, serão utilizados sensores hiperespectrais e LiDAR (do inglês Light Detection And Ranging). Ambos são tecnologias bastante avançadas de sensoriamento remoto, sobretudo para veículos aéreos não tripulados, que apenas começam a ser utilizadas no Brasil. Profissionais da Geografia, Engenharia Florestal, Ciências Ambientais, Agronomia, Ecologia e Biologia podem se valer dessas informações para aperfeiçoar suas pesquisas.

Um sensor hiperespectral é capaz de registrar mais de uma centena de imagens do mesmo alvo ou objeto, em diferentes faixas espectrais da luz. Se devidamente calibrado, pode prover informações como a composição físico-química de plantas, solos e rochas expostas, bem como a morfologia dos terrenos analisados.

O LiDAR, por sua vez, trabalha com pulsos de laser, que fornecem ao usuário imagens tridimensionais de altíssima resolução. Ele é capaz de “ler”, por exemplo, árvores ou edifícios inteiros. Este método já vem sendo usado em atividades de mineração e engenharia florestal – e possui grande potencial para uso em outros campos, ligados à conservação e entendimento da natureza.

Os dois métodos são considerados velozes e de alta precisão, e apresentam custos muito mais baratos em relação a outras maneiras de se fazer levantamentos de florestas conservadas ou degradadas. hiperespectral e LiDAR

Os equipamentos serão embarcados em veículos aéreos não tripulados (Vant’s), os famosos drones. O WWF-Brasil e a UFG já vêm, desde o ano passado, testando os drones no monitoramento de biodiversidade e fragmentos florestais; e o uso de sensores de alta tecnologia é mais um passo na consolidação deste trabalho.

Artigos e teses

Um dos coordenadores do minicurso, o professor da UFG Manuel Eduardo Ferreira, explicou que a capacitação vai testar “todas as possibilidades” desses aparelhos. “Como são equipamentos caros e não tão comuns, vamos testar os usos, as aplicações, os resultados e as análises de dados”, afirmou.

O educador contou ainda que os dados obtidos vão gerar, no futuro, artigos científicos e dissertações de mestrado e teses de doutorado. Algumas pesquisas sobre este tema já estão sendo conduzidas na Pós-Graduação em Geografia da UFG/IESA. Manuel é docente do Instituto de Estudos Socioambientais da UFG, e pesquisador associado ao Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig). hiperespectral e LiDAR

Para o especialista de conservação do WWF-Brasil, Marcelo Oliveira, o trabalho conjunto entre o WWF-Brasil, o Lapig e a Universidade da Flórida é um dos pontos positivos deste trabalho. “Também acredito que estamos dando um importante passo no uso dessas tecnologias para aplicações práticas nos estudos de conservação da floresta amazônica”, disse. hiperespectral e LiDAR

Entre os apoiadores desta atividade estão a Embrapa e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Fonte: https://www.wwf.org.br/?59243/Tecnologias–sensores-hiperespectral-e-LiDAR-a-bordo-de-drones-serao-utilizados-para-monitorar-a-Amazonia-e-o-Cerrado